04 novembro, 2008

Consciência

Com que o homem deve se confrontar?
Com sua consciência.
Com que o homem prefere se confrontar?
Não há julgamento moral cabível. O desejo, o medo de morrer, a fluidez da vida que se dissolve diante dos olhos como névoa, substância dos sonhos.
O que o homem deve à vida?
A dor física. A dor da ausência. A dor dos parentes. A dor da ausência da força física. A dor da ausência de alguém indefinível. A dor da falta de coragem. A dor da doença. A dor do medo da morte inevitável. A dor moral, a esfera da alma. A dor da ausência de transcendência. A dor do espírito. A ausência do bem no coração pela não expressão dos anseios essenciais de solidariedade e compreensão.
O que o homem deve sacrificar ao espírito?
TUDO.
Tudo o que lhe é mais caro. Seus demônios íntimos gerados no trabalho com a matéria física. Seus anjos talhados na pedra dos desejos mais legítimos.
Deve em sacrifício seus minerais alquímicos, como o fósforo da combustão da ira, o cálcio da solidificação do ódio, o mercúrio rubro da violência. Uma ironia, idiossincrasia. Como diz um velho preto: - a vida é pra gente grande. Para um bom entendedor um pingo é um pingo sobre uma letra ou ponto, a não ser que não se trate de letras como dizia o velho judeu Abuláfia.
Por isso, se recomenda aos que buscam que relembrem Thomas de Kémpis: a exemplo do judeu antigo, entrem no tabernáculo íntimo e orem ao Eterno em silêncio...
Não pretendo ser difícil de digerir, isso como um gracejo aos modernos desta terra de árvores vermelhas, que definem tudo como canibalismo antropomórfico. O resto é o sofrimento e redenção humana e só, ou filosofia de almanaque como diz meu velho mestre de silêncios.

(P. Cruz)

Um comentário:

Myriam Valentina Cruz disse...

O poeta e escritor que dá vida as palavras, dá som as rimas e nos leva a mergulhar em um mundo de pura poesia.