28 dezembro, 2008

Jerusalém em Guerra 05

Sempre haverá judeus
como há palestinos,
como a letra míssil
e a sentença de morte risível,
pedras lançadas no aço
pedras lamento no limo.

Sempre haverá Wall Street
como há Etiópias,
como o instante luz
e a fotografia,
a roda veloz
e maldita sangria.

Sempre haverá Marilyns
como há Hillarys,
como o sol morto de dia
e sombras no escuro,
estrelas mortas e frias
e humor de negro uso.

Sempre haverá o amor
como há o caos,
como o ritmo longo
e silêncio do Tao,
a pausa do fogo
e vento da guerra.

(P. Cruz)
Faca

Agora estás aí à míngua
marginal,
franco atirador de sílabas,
louco ateador de medos,
mísero arlequim de lábios negros.

(P.Cruz)

21 dezembro, 2008

Salto Agulha

Ela finalmente está livre
com seu arco-íris de arame.
Pra amar, dançar, pensar
parcas pouco práticas,
inspiradas,
controversas idéias.

Finalmente só,
como veio ao mundo.
Pra escolher sem amar
da maneira antiga que quiser
seu par.

Hoje ela está legal
com o ciclo menstrual,
leve sem tensão, incômodos,
cólicas ou dor de desespero.
Livre de lamber filhotes,
já não quer
migalhas de céu
pra ser gente.
Queimou véus,
mandou pro inferno
os idiotas absorventes.

Cortou o rabo-de-cavalo numa tosa crua só,
quebrou no pó o salto alto agulha,
limpou da boca vestígios de nódoas duras,
estilhaçou a ponte entre abismo e rua,
e pôs um peitaço de dar inveja.
Eles que explodam, esbraveja.
- Quero que se fodam,
todos os caras do universo!

(P Cruz)