Ex nihilo, nihil fit.
Das palavras depois de aprendê-las é ofício desfazê-las,
negar tendência à ordem, o cheiro da memória, as regras com que se fazem
objeto, verbo, mente, mundo.
Do corpo a pose que informa homem e desinforma o pré-concebido
ou pressentido padrão de signos da ordem.
Do coração o duo canto contracanto gosto desgosto morto
vivo. A dança do fluir sem música nos sons dos pássaros em silêncio de luz.
Agora sei de vazios, verbo que soa vácuo de sons e
significados.
É tarde de quê? Sono de que corpo? Pálpebras de que sonhos?
Águas de idas ao céu rio de remoinhos sem números de quê.
Súbito me dou conta de que fui o que sou de pronúncia. Mente
moto contínuo profusão de falas que enganam o narrador na primeira pessoa que
soa ordem no tempo que se diz indo.
Corpo fluido de humores nervosos e pausas crepusculares. Eu
de tudo em tudo vários círculos do uno mudo. Palavra que se versa em dualidades
compungidas caóticas de fissão da carótida em incontida emoção de sentimentos
que eram o quê? Nem me sabiam tardes noites que me dormem álgebra. Reis de
coroas caídas de ferro em cacos de limalha lágrimas. Bem se vê da desordem e
caos o verbo que se retrai e expande em vaivém de observação sistemática e
dedução em risca de ofício férreo cingido no cenho do cérebro que não é o tudo.
É. És. Este. Estes. Estertores. Estes atores tolos em atos e
cacos de ferro e energia. Leste. De Norte sem centro e circulo em abscissas
formas. És tu? Cela e ave crucificada?
(P. Cruz)