07 maio, 2012


Ex nihilo, nihil fit.

Das palavras depois de aprendê-las é ofício desfazê-las, negar tendência à ordem, o cheiro da memória, as regras com que se fazem objeto, verbo, mente, mundo.
Do corpo a pose que informa homem e desinforma o pré-concebido ou pressentido padrão de signos da ordem.
Do coração o duo canto contracanto gosto desgosto morto vivo. A dança do fluir sem música nos sons dos pássaros em silêncio de luz.
Agora sei de vazios, verbo que soa vácuo de sons e significados.
É tarde de quê? Sono de que corpo? Pálpebras de que sonhos? Águas de idas ao céu rio de remoinhos sem números de quê.
Súbito me dou conta de que fui o que sou de pronúncia. Mente moto contínuo profusão de falas que enganam o narrador na primeira pessoa que soa ordem no tempo que se diz indo.
Corpo fluido de humores nervosos e pausas crepusculares. Eu de tudo em tudo vários círculos do uno mudo. Palavra que se versa em dualidades compungidas caóticas de fissão da carótida em incontida emoção de sentimentos que eram o quê? Nem me sabiam tardes noites que me dormem álgebra. Reis de coroas caídas de ferro em cacos de limalha lágrimas. Bem se vê da desordem e caos o verbo que se retrai e expande em vaivém de observação sistemática e dedução em risca de ofício férreo cingido no cenho do cérebro que não é o tudo.
É. És. Este. Estes. Estertores. Estes atores tolos em atos e cacos de ferro e energia. Leste. De Norte sem centro e circulo em abscissas formas. És tu? Cela e ave crucificada?

(P. Cruz)