08 setembro, 2012

Cabelo de Medusa,
Espada de Perseu,
Cabeça de cão, fé, honra,
Escudo de dragão.

Ferrão dos deuses,
Aguilhão,
Ferro, ferro, ferro.
Ira aguda, ira, ira.
Paus no mar,
Cabeça na proa,
Proa na onda.
Cabelos de sal
Cobras mortas.
 
Tosa.
 
Talhe ilegítimo,
Inútil istmo, ânimo
Angustioso, longo
Litoral de mau augúrio.
Olhos insepultos.
Fogueira úmida de ritos,
Mar em fogo e sangue.
 
Mar de olhos insepultos
Vaga órbita orbita
Ladra no silêncio.
O cão do ínfero
Com boca na noite infame.

O que voa na
Peçonha do escuro é voo
De vela inflada de ódio.
Dia, rotundo dia.

Medusa, o meu rei
É posta de carne,
Cabelos de sal negro
Régio,
Na proa no escuro,
No cedro pau ferro.
Fio gume, fúria.
Em Ur é dia.
Cá a noite é
Escuro túmulo
Do Deus cabeça de sal,
Olhos insepultos
Acesos no breu.

 (P. Cruz)

Nenhum comentário: