19 outubro, 2008


Jerusalém em Guerra 02

Os meninos mergulham no barro vermelho e água da chuva, mais tarde cimentam o amor na pele da pedra bruta que é a vida. Seria necessário uma estaca no coração para se darem conta de que o amor chegou e isso tem preço impagável.
Os meninos se banham no soro da terra. Alguma mulher absoluta irá selar seus lábios de desejo e memória.
Eles, os meninos lobos, rasgam com presas de diamantes a carne das velhas mentiras, trocam a beleza das máscaras por rugas imberbes e por um céu fácil perdem o grito da alma no escuro da sorte.
Os meninos brincam de roer ossos e cartilagens no ferro do asfalto; de atirar nos pássaros disfarçados de virgens; de fugir pela lateral em direção ao gol com um tiro de efeito mágico. Eles certamente morrerão nas mãos da polícia, ou no aço contorcido e afiado dos carros em cacos, ou numa briga de bando. Depois serão esquecidos. Pó, lama, farrapo.
Os meninos aprendem rápido na concentração das metrópoles a dar a face do próximo à ira ou qualquer sentimento besta de justiça.
Depois se sobrevivem são domésticos, indomáveis, loucos, medo, perigosos, machos...

(Pedro Cruz)

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