27 julho, 2010

Carro, container, carroça.

Um dia sem vaga e estacionei meu carro perto de um container amarelo de lixo, desses que ficam fora dos prédios de apartamentos, já prontos para o caminhão. Depois, de cima do apartamento do meu irmão, vi uma carroça feita de papelão e madeira puxada por um cavalo, parada diante do capô do carro. Dentro do container três meninos sujos pegavam lixo e entregavam para a mãe em pé no fundo da carroça. Outra criança barriguda se aninhava no seu colo, se agarrando forte.
Meu carro tem não sei quantos cavalos de força e tecnologia em termo bruto excludente. Pois bem, tentei numa equação simples justificar minha consciência: tantos cavalos de força para mim, um cavalo magro para cinco famintos, algo deve estar errado nessa equivalência moral. Exercício fútil diante da incapacidade de compreender e agir. Amar para o cristão é partilhar, dividir, amparar, abraçar, acolher. Nesse dia eu estava ausente do meu coração, da humanidade cotidiana possível, da bondade, da decência, da consciência esclarecida que justifica a vida.

(P.Cruz)

Um comentário:

Lilith disse...

Nossa! É real... como somos pouco cristãos... triste!