14 junho, 2009

Beatriz de Dante
Me convidastes para passeios no Inferno. Fui.
Seduzido, deixei-me levar pela mão da beleza. Acessibilidades? Suscetibilidades?
Agora me olho no espelho. Eu e este homem estranhamente só. Inexplicavelmente só. Amedrontado com vazios na alma onde antes havia suavidade.
Concluí-se que o real é a imagem no polido vidro com arabescos nos cantos e irregular superfície.
Não há possibilidade de fuga. Fatos, não sonhos. Branco e preto sem cor intermediária ou nuances.
Estou calmo. Respiração e concentrada intenção mental. Roupa de letra e gramáticas em envergonhada pose despojada.
Não necessito pedir socorro. Nem da mágica de signos projetados na minha face ou letras atadas na ponta do lápis descrevendo o indescritível da vida.

(P.Cruz)

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