18 fevereiro, 2009

Jerusalém em Guerra 07

Permita-me a vaidade de rasgar estandartes de ferro e queimar papéis d’água. A vida é breve como um sopro e o mar da eternidade é de sal e esquecimento. Por veloz momento queimamos e desaparecemos. Abraçamos corpos de ar, beijamos hálitos em espelhos e desejamos o que não nos pertence. Nessa terra a herança é dor e guerra, o que nada justifica. Também não nos livra de culpas. Cada dia é feito de combates, pequenos e grandes pecados, pedaços de tédio, imensas ousadias, risos fechados a zíper, derrotas inesperadas e vez por outra vitória que não vale mesmo um puto furado. E na paisagem tem sempre um muro, tá lá bem erguido, se cai surge um novo. Acaba que a história é sobre muros e sua substância, visto por um lado ou pelo outro, ou por quem fica em cima do muro insistindo que o muro não existe ou é uma construção semântica.

(P Cruz)

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