16 setembro, 2008

Van Gogh
“- Girassóis! Ouvi o pintor sem orelha gritar de dentro do mar.”
Eu estava no convés a escrever ditados.
“- O que tens a dizer em tua defesa mar maldito?
- Por que te cala quando se exige tua palavra de céu?
- Vento, por que não rasgas as velas amarelas do sol?
- Sol, quem te amarrou as asas presas à pele do mar?
- O que sussurras entre silêncios, ave da morte?
- O que queres dizer desse sangue de cordas coagulado nas mãos, marinheiro tempo arrastando pela areia o navio do deserto?
- Sono, não roubes a pena que colhi na China enquanto um anjo era chicoteado no pátio das culpas pelo leve descuido de perder ouro das asas.
- Escriba, por que talhas na pedra leões a suplicarem por águias e vôo?
Como mantive o silêncio, insistiu com voz de urgência:
- Escriba insano, viu o jardineiro que se embriagou de cores e se fez escravo da vida e senhor da morte?”

(Pedro Cruz)

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