09 fevereiro, 2011


Moeda de troca

Não se conversa a esmo jogando tempo fora. E o tempo é de acirrar ânimos. Então evite duelos e contendas. Caminhe pelas beiras. Dando voltas fora do redemoinho, mantendo distância prudente.

Não é tempo de se falar feio, e o silêncio pode ser entendido como ofensa. Ter opinião pra tudo e ter pra nada senso. Jeito de respirar fundo e suave, deixando a mente calma e o instinto ágil.

Ceifam-se vidas como se podam campos de trigos. Pior é o fogo. É do céu que vem sopro do encanto confundindo pessoas. É do fundo do mar que olhos vermelhos de peixes deixam o escuro e saem à caça.

É hora de caminhar no fio da espada com equilíbrio de asas ausentes. Austeridade. Fortaleza. Maleabilidade. Invisibilidade. Não é estiagem de se mostrar brilho. Não é lua de desfrute. Não é estação de exílio ou acerto de contas. É tempo de deixar a consciência fluir com o fogo. É antigo circulo fazendo volta no meio-dia. Coisa que não se vê de comum. Coisa difícil.

(P. Cruz)

08 fevereiro, 2011

Real

Palavra escrita em folha é árvore.
Grafite casca de pau.
Na memória raizes fundas e olho fitando o sol.

Até que seque a retina semântica.
Verbo é alma da clorofila em sangue.

Árvore é mente criando palavras do rei.
Rei terra, fome, fogo, cinza.
O real sonho petrificado em limites de reino.
Da lógica, léxico, lei, da luz sólida.

(P. Cruz)