22 novembro, 2010



Fé é a medida do homem

Medindo o desconhecido,

Tão severa de números

Quão aguda em ceticismo.


Mas, sem a alegria,

O que é do futuro

Que nada conhece?

Ou da morte

pouso de enigmas?

Ah homem, não creia

Que sem leveza

Se atine tino,

Nesse peso e tributo

De corpo e mente em conflito.


Cuide que da vida

Só se leva pro nada

A memória do riso,

Poesias e amigos.


(P.Cruz)


Vazio


A tristeza se agarrou a mim

Como roupa.

Pele de sol num dia cinza.

Roupa de festa

Em praia com chuva.

Roupa molhada palavras secas.

Roupa rasgada em dia de gala.

Pele áspera em dia de seda.


A tristeza se aninhou em mim

Como cama

De ferro e pedra num dia de nuvens.

Resto de feto

Que não desgruda.

Resto de cheiro saudade parida.

Resto de gosto em beijo frio.

Flores secas em folha de livro.

(P. Cruz)