13 maio, 2008

ZAZEN

Perguntei, certa feita, a um alfarrabista acostumado à questões sem respostas, qual era a resposta?

- Não lembro a pergunta, minha mente está cansada de especular sobre respostas que são perguntas e perguntas que não encontram respostas.

Insisti ainda:

- O que é consciência?

Quedou-se o alfarrabista em silêncio e enfado.

Acho que era a melhor resposta a se tornar pergunta.

(para Borges)ente est?

ta acostumado

12 maio, 2008

Bhah! Vírgulas.


A causa da latência do sol na pele da rã na orquídea à flor d’água da terra sob os pés do homem tapando o sol sobre os olhos fitando a coxa da moça descalça na pedra do rio a saia lavanda a ponta do pano de renda na lama debaixo do cesto de frutas cheio de cheiros que imantam pássaros vermelhos azuis pousados no amarelo da árvore sinuosa refletida na água esmeralda onde peixes brincam de cores pegar folhas e flores que lentas caem ao fundo lá onde um anel diamante e ouro lastima sonhos, planos, amores.

(Pedro Cruz)

06 maio, 2008

BEIJO

Outro dia assisti novamente “Beleza Americana”. No filme um pai procura o vizinho - suposto caso amoroso do filho - e o beija na boca em desespero paterno de amor equivocado ou traído. É um beijo sórdido como alguns beijos masculinos podem ser. Como os beijos rotos dados nas mãos dos poderosos, machos alfa, como sinal de submissão e falta de pudor.

Dos beijos mais comuns e desajeitados entre homens há o na face. Esse beijo que pode conter veneno, insídia e falsidades. Um beijo vulgar quando não traz o laivo do amor, da sinceridade, da amizade. Desnecessário citá-lo como o beijo dado entre mafiosos ou entre judeus se traindo, o que lembra Judas.

E entre mentiras e beijos há o beijo da morte, o mais das vezes com sabor de arrependimento. Um beijo permitido entre vivo e morto. De despedida. Um beijo frio que no entanto queima os lábios como fogo. O beijo extremo entre homens. Não deve ser falso. Lembra-nos que podemos ser fraternos enquanto vivos, leais e honestos enquanto humanos, conservando diferenças e disputas no terreno do respeito mútuo. Às vezes pode ser um beijo amargo. Um veneno pra alma
.


(Pedro Cruz)